25 de novembro de 2008

AVISO À NAVEGAÇÃO

Na semana passada o Ministros da Informação reuniu-se com representantes dos meios de comunicação de Juba.
Os participantes, mais de meia centena entre jornalistas e proprietários, expressaram as dificuldades que o sector passa: censura em Cartum por falta de uma tipografia em Juba, dificuldades económicas, falta de profissionais com formação adequada, problemas com os homens da segurança, falta de meios de apoio aos jornalistas na presidência e no parlamento, falta de uma Lei da Imprensa…
Depois de três horas de debate – e para fechar – o ministro Gabriel Changson Chang trazia recados para a Rádio Bakhita e para a Rádio Miraya, as duas estações concorrentes da emissora do governo fora do seu controlo.
O ministro Changson acusou Bakhita de difundir informação errónea porque um ouvinte telefonou durante um fórum sobre as polícias a dizer que o presidente do Sul, Salva Kiir Mayardit, tinha colocado familiares nos postos-chave da polícia na Great Equatoria.
E acusou Miraya de difundir mensagens de ódio contra Ugandeses em Juba (sem explicar em que contexto) e de notociar que o milhão de dólares que o presidente deu aos estudantes sul-sudaneses nas universidades da África Oriental iam acabar em sabão e cosmética.
Não me chateou o puxão de orelhas em público por uma ofensa que não cometemos. Fiquei preocupado com a atitude: Changson disse que se a Lei de Imprensa estivesse em vigor íamos ter de pagar uma multa pesada, que essa lei vai dar espaço ao governo para responsabilizar os média.
O meu amigo Nyal Bol, um Dinka gigante com uma língua bem maior, disse durante o encontro que o governo do Sul do Sudão tem tendências ditatoriais e que está a seguir o modelo eritreu. Um ponto de vista que partilhou comigo pela primeira vez há dois anos durante uma entrevista de análise política.
Terá razão? O certo é que o Nyal esteve na prisão alguns dias por ter publicado no seu jornal «The Citizen» um artigo um caso de corrupção no Governo semi-autónomo do Sul.
Se a lei estivesse a vigorar, o Nyal tinha direito de exigir compensação ao Governo pela prisão arbitrária, não é senhor ministro? Olhe que a Lei é para todos!

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