17 de agosto de 2008

MORI


O capelão de Mori, um salesiano da Índia, convidou-me hoje a presidir a Missa naquela capela na outra margem do Nilo Branco.
Uma aventura!
Quando lá chegámos, descobrimos que não havia hóstias ca capela. Só vinho! Que fazer? Voltar a Juba não dava porque precisávamos de uma hora.
O P. Johnson tentou telefonar a um colega que estava noutra capela, mas não foi bem sucedido.
Pensámos mandar o condutor de uma motorizada – os táxis daqui – a Gumbo comprar algum pão, mas também demorava.
Acabámos por descobrir uma senhora que tinha farinha na cabana e se prontificou a fazer um bocado de pão.
Enquanto esperávamos, decidimos caminhar ao longo do rio: o P. Johnson, um empreiteiro italiano que está a alcatroar as ruas de Juba e eu.
Há muito que queria saber porque é que o alcatroamento em Juba demorava tanto. Piero foi pronto na resposta: o Governo do Sul do Sudão é muito mau pagador e de vez em quando tem que suspender os trabalhos como meio de pressão. Ah! Piero disse-me que um quilómetro de alcatrão em Juba custa um milhão de dólares.
Quando regressávamos à capela, o P. Johnson foi atacado pelas abelhas. Três ferradas na cabeça do pobre.
Já na capela, descobrimos que o pão que a senhora tentou fazer mais parecia umas papas duras. Mas não tínhamos escolha.
Quando chegou o momento da homilia, o catequista levantou-se para traduzir a minha reflexão de inglês para Bari.
O senhor cheirava a «merisa», a cerveja local, que tresandava. Apesar de não saber uma palavra de Bari, dei-me conta que o que eu dizia e ele traduzia não era bem a mesma coisa. Eu falava dos Israelitas e ele de Jesus Cristo! E as pessoas riam-se imenso dele.
No fim da missa perguntei a uma candidata a freira numa congregação local como é que ele traduziu a homilia.
«Muitas vezes ele disse o contrário daquilo que estavas a pregar», respondeu. Ela confirmou que ele estava bêbedo apesar da missa ser às 11h00.
Houve um momento que me tocou muito: o pai-nosso. Os miúdos cantavam a oração que o Senhor nos ensinou com um entusiasmo impressionante.
E a missa chegou ao fim sem mais incidentes!
A comunidade de Mori é bastante jovem, mas tem um coro fantástico. E a vista sobre o Nilo é deslumbrante. Adorei!

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