20 de julho de 2008

MANGALA


Residência paroquial
© JVieira

Hoje fui à missa a Mangala e adorei!
A paróquia, fundada em 1999, fica a uma hora e um quarto de Juba, na outra margem do Nilo Branco na estrada que pode vir a ligar Juba com Cartum.
A picada está em bom estado de conservação e bem guardada pelo SPLA, a tropa do Sul. Há troços que permitem viajar a 120 quilómetros por hora sem qualquer problema.
Dois seminaristas foram comigo para me ensinar o caminho. Para a próxima posso ir sozinho porque não há nada que enganar.
Um colega brasileiro, o padre Wellington, que trabalha mais a norte com os Nuer - e que está de passagem por Juba - veio connosco e fez sucesso com as suas dinâmicas com os jovens.
A igreja paroquial de Mangala é um velho nim, uma árvore frondosa e retorcida pelo tempo. Os bancos são as bobinas de metal que no passado eram usadas pela fábrica de fiação de algodão que entretanto fechou por causa da guerra.
Umas 100 pessoas tomaram parte na celebração que foi conduzida em bari – a língua local – e árabe. A maioria eram jovens!
Não percebi absolutamente nada do que se disse, cantou e rezou, mas vim com o coração cheio de paz. Os cânticos eram lindos, as pessoas estavam concentradas e ignoravam as motorizadas que passavam ao lado.
É lindo rezar com a gente simples e sentir toda a natureza a participar do louvar da comunidade: desde as aves com os seus trinados às cabras com os balidos.
Impressionou-me também a pobreza da «casa paroquial»: uma colecção de cabanas – que fazem de refeitório, quartos privados, casa-de-banho… Não há luz nem gerador.
Mas os três padres que assistem aquela paróquia impressionaram-me com o acolhimento e com a tranquilidade que deixavam transparecer. Talvez se trate da comunidade mais pobre da arquidiocese de Juba – juntamente com a missão que os combonianos estão a iniciar em Tali, no extremo da diocese – mas não deixa de ser um lugar cheio de vida.
A paróquia tem uma escola elementar até ao oitavo ano com quase 200 alunos e está colocada entre as melhores da região a nível de resultados do exame nacional do oitavo ano - o pároco, P. Lourenço Lodu, informou-me, orgulhoso.
Durante a missa chamou-me a atenção a «procissão» de gente a carregar sacos de comida e caixas de óleo da USAID.
Na quarta-feira um grupo de Mundaris atravessou o rio, tomou conta da administração de Mangala e começou a esvaziar o armazém do Programa de Alimentação Mundial.
As comunidades Bari e Mundari davam-se bem e casavam entre si. Mas os políticos estão a usar as diferenças tribais para fins menos claros – lamentou o P. Lourenço.

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