16 de março de 2007

Inferno

O prazo de validade de José Impaciente da Silva expirou e o finado foi para o lado de lá da eternidade.
Chegou à porta do céu e bateu.
O anjo porteiro pediu-lhe os papéis:
- Tenho que iniciar o processo de avaliação! – explicou.
- E isso demora muito?
- Vai demorar um bocado. Tenho que analisar 85 anos de arquivos.
José Impaciente da Silva achou que não tinha tempo para esperar e decidiu apanhar o elevador para o Purgatório.
- Lá não serão tão rigorosos na triagem! Sempre é um lugar de passagem…
Chegado ao Purgatório bateu à porta.
O anjo recepcionista abre o postigo e pede os papéis.
- É para abrir o processo! - explicou.
- E isso demora muito?
- Um bocado. Tenho que analisar os arquivos de 85 anos.
José Impaciente da Silva perdeu a pachorra e decidiu tentar a sorte no Inferno.
Entrou no elevador e desceu para a cave do além.
Estranho, a porta está entreaberta e parece não ter anjo de guarda – pensou José Impaciente da Silva.
Com o pé empurrou a porta com cuidado e ficou espantado com o que viu: o Inferno não era um lugar escuro, esconso, esmagador como o pintavam. Era um lugar limpo, com flores, arejado.
Capeta aparece de repente e fitando o intruso, lança-lhe um olhar de fogo:
- Que está aqui a fazer? Quem lhe deu autorização para entrar?
- Vim ver como era o Inferno e estou admirado com a ordem, a limpeza, a decoração…
Capeta suspirou:
- Eh! O Inferno já não é o que era desde que chegaram as freiras…

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