4 de setembro de 2006

Leituras

CEM ANOS DE HISTÓRIA

Gabriel García Márquez escreveu «Cem Anos de Solidão» (22.ª edição, Dom Quixote, 2005) para contar a história da América Latina através da saga de sete gerações da família Buendía na aldeia fictícia mas paradigmática de Macondo.
Um romance que me surpreendeu pelos relatos (su) realistas de gente como nós a lutar com a solidão e o amor, com o desenvolvimento e a insegurança, com o medo e o sonho, numa procura constante de se superar perante os desafios reais da vida.
Um livro que conta a história de colossos façanhudos para mostrar que afinal quem leva a história para a frente são, de facto, as mulheres. Com a matriarca Úrsula Iguarán a marcar a passada e a dar o exemplo.
Gracía Marquez escreveu a sua obra de referência nos anos 60 do século passado – é tão estranho escrever assim! – e o romance foi publicado em 1967. Em 1982, o autor recebeu o Prémio Nobel da Literatura.
No seu jeito desconcertante, escreve que «a literatura era o melhor brinquedo que se tinha inventado para gozar com as pessoas» (pág. 306). Para gozar e sobretudo para fazer pensar.
Uma história de guerras, revoluções, exploração e caos que exige atenção para não se perder o fio à meada e que agarra o leitor até ao período final: «No entanto, antes de chegar ao verso final, já tinha percebido que não sairia nunca desse quarto, pois estava previsto que a cidade dos espelhos (ou das miragens) seria arrasada pelo vento e desterrada da memória dos homens no momento em que Aureliano Babilonia acabasse de decifrar os pergaminhos, e que tudo o que neles estava escrito era irrepetível desde sempre e para sempre, porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a Terra.»
Obrigado, Joasia, por esta prenda tão simbólica e por me teres apresentado a alguns dos monstros sagrados da literatura sul-americana.

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