7 de março de 2010

OFENSA


O Secretário-Geral da Arquidiocese de Juba protestou contra o encerramento temporário da Rádio Bakhita e do modo como as forças de segurança trataram a directora dizendo que a Igreja está ofendida com o sucedido.
O P. Martin Ochaya Lino disse que a Igreja não permite que tratem o seu pessoal e instituições como criminais.
O número três da arquidiocese de Juba acrescentou que o que fizeram à Ir. Cecília, a directora de Bakhita, é deplorável e apelou às autoridades competentes para investigarem o incidente com seriedade, acrescentando tal não deve voltar a acontecer.
O P. Martin escreveu que compete à Igreja – e não ao poder político – determinar o mandato da sua estação.
Os políticos e regimes passam, mas a Igreja permanece, acrescentou.
Entretanto, o director de segurança do Estado de Equatória Central, Major General Johnson Losuk, que esteve envolvido no acidente, veio pessoalmente pedir desculpa à irmã Cecília pelo sucedido.
O secretário de estado para a Informação reuniu-se com os directores de rádio para exigir que respeitem as directrizes preparadas pela Comissão Nacional de Eleições para a cobertura da campanha eleitoral e eleições.
George Garang Deng acusou algumas rádios de apoiarem a oposição e conduzirem uma campanha difamatória contra o presidente do Sul do Sudão.
O secretário de estado Deng ameaçou fechar as rádios que não sigam a lei ou não renovar os alvarás.
Acusou a Liberty de ter transmitido uma entrevista de uma hora em directo com o agente do candidato independente ao governatorado de Equatória Central – os programas políticos devem ser pré-gravados; acusou a rádio oficial de sacar notícias da internet sem confirmar o conteúdo com o governo – um jornalista foi parar à prateleira com meio salário por ter anunciado uma reestruturação das chefias militares do exército do sul do Sudão que encontrou na net; acusou a Miraya de fazer campanha pela oposição porque um jornalista num excesso de linguagem disse que mais de um milhão estiveram presentes no lançamento da campanha do NCP, o partido do presidente al-Bashir, em Malakal, uma cidade que terá uns 200 mil habitantes.
Deng recebeu a Ir. Cecília e eu no seu gabinete depois do encontro. Pareceu ignorar o que aconteceu à Bakhita e à directora no dia anterior e lamentou o incidente.
Perguntou porque não levantámos a questão durante a reunião com os directores das outras rádios. A reposta foi simples: porque o agente que intimou a irmã estava na reunião e não convinha assanhar o gorila.
Deng disse que se sente tão vulnerável como nós perante os serviços secretos de segurança e aconselhou a não confrontarmos os agentes se o caso se repetir para evitar reacções inconvenientes da parte da secreta.
Duas lições deste imbróglio: o poder político está cada vez mais nervoso com as estações que não consegue controlar – Bakhita e Miraya, da ONU – e há dois níveis de poder: o governo e o todo poderoso serviço de segurança que segue à linha o modelo de Cartum e não se sabe quem é que controla quem.

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