O P.e Alfredo Ribeiro Neres, missionário comboniano, 70 anos, foi agraciado pelo Presidente da República com a Ordem de Mérito – Grande Oficial no dia 10 de Junho.
O missionário recebeu a distinção na Embaixada de Portugal em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, onde ele se encontra.
Na cerimónia, o secretário de Estado da Justiça, João Tiago Silveira, em representação do Presidente da República, elogiou o trabalho desenvolvido pelos Combonianos naquele país, onde sobressaem a construção de infra-estruturas, concretização de projectos agrícolas, criação de cooperativas paroquiais, assistência nas prisões e leprosarias.
O agraciado reconheceu ser uma «mínima parte» em todo esse trabalho e vê no prémio um reconhecimento não a si próprio, mas a todos os missionários espalhados pelo mundo.
«Espero que esta condecoração não seja fruto do meu mérito pessoal, mas simplesmente o reconhecimento do Estado português pelo trabalho que muitos milhares de missionárias e missionários portugueses têm desenvolvido e continuam a desenvolver no mundo».
O P.e Alfredo Neres nasceu em Montes da Senhora, Castelo Branco, em 1939, e ingressou no seminário dos Missionários Combonianos aos 21 anos.
Foi ordenado sacerdote em 1971 e partiu para a RD Congo em 1976 onde passou um total de 20 anos, alternados com períodos de trabalho em Portugal.
No Congo, o P.e Neres viveu o drama da guerra de 1997 a 2003, em que morreram cerca de 4 milhões de pessoas.
Muito bem, Zé Vieira por este post. Ainda não tinha visto nenhuma foto do acontecimento... O P. Alfredo merece pessoalmente essa distinção. O seu trabalho na formação de milhares de leigos no congo, desde o Norte - Isiro, Dungu, Ango, Bondo - até Kinshasa é muito grande. Foi sempre um modelo para nós missionários e para o clero local, particularmente de Bondo. O seu ministério foi sempre fortemente centrado na Bíblia e nos documentos do Papa e do Concílio. Integrou poderosamente horas quotidianas de oração pessoal, muito estudo, preparação cuidadosíssima das suas intervenções sempre escritas a limpo em numerosos cadernos (espero que em Bondo não dispersem os que lá ficaram, que outros enviei-lhos eu para Kinshasa), e a dimenssão social da fé e da santidade cristãs. Os Missionários têm no P. Alfredo Neres um modelo de simplicidade e de doação, testemunho de um total abandono de si mesmo nas mãos do Pai, do profundo da sua humanidade frágil.
ResponderEliminarMas a condecoração serve também para o outro aspecto que o P. Alfredo sublinhou: a acção social. Nesse aspecto, julgo que a "culpada" de a medalha ser atribuída a um missionário - e concretamente ao P. Alfredo - é a Senhora D. Fernanda Ramalheira, que vemos, feliz, vestida de azul, na fotografia, que publicas.
Ela é de facto,a graaaaaande amiga de todos os missionários portugueses do Congo. Durante os anos difíceis das guerras, quando nós estávamos isolados, lá no Norte, sem qualquer contacto nem protecção diplomática nem coisa que o parecesse, ela procurou sempre saber de nós... e era ver os miminhos dela quando finalmente pudemos ir a Kinshasa vê-la na Embaixada ou em casa dela, para com ela, com o marido Sr, Ramalheira e o neto, comermos - em Kinshasa! - um suculento bacalhau no forno ou... umas castanhas chegadas na mala diplomática pr'ó São Martinho.
Quero daqui prestar homenagem a esta grande e querida amiga. E ao P. Alfredo
P. Claudino Gomes