31 de maio de 2009

INSEGURANÇA

O arcebispo de Juba apresenta a mensagem pastoral aos jornalistas
© JVieira


O Arcebispo de Juba escreveu uma mensagem de Pentecostes a denunciar a insegurança que grassa no sul do Sudão em geral e à volta de Juba em particular, apelando às comunidades em conflito para os caminhos da reconciliação e paz.
Dom Paolino Lukudu Loro denuncia que a onda de violência que varre o Sul do Sudão – oito dos dez estados têm experimentado conflitos inter-tribais, inter-clãs ou cansados por agentes externos como os rebeldes ugandeses que actuam no West Equatoria – e diz que os sulistas deviam ter vergonha destes conflitos que clamam centenas de vidas e perda de propriedade.
O arcebispo diz que os incidentes são organizados.
Dom Paolino foca a sua mensagem sobretudo no conflito entre Baris e Mundaris, duas tribos de Central Equatoria, envolvidas em recontros às portas de Juba desde finais de Abril.
O arcebispo diz o conflito é um paradoxo, porque nunca tinha acontecido uma guerra assim na história de duas tribos irmãs que partilham a mesma língua e casam entre si.
Dom Paolino denuncia as mortes, roubos de gado, insegurança e deslocamentos que o conflito tem produzido, dizendo que desacredita as autoridades estatais.
O Arcebispo pede aos anciãos das duas comunidades que liderem conversações de paz e de reconciliação e aconselha os beligerantes a atirarem as armas ao Nilo e deixarem de escutar a quem os manipula para os próprios interesses.
O Governador de Central Equatoria apontou o dedo à Igreja e aos políticos, acusando-os de estarem por detrás dos confrontos.
Por seu turno, auto-identificados intelectuais Mundaris escreveram uma carta anónima ao presidente do sul do Sudão, Salva Kiir Mayardit, acusando o próprio arcebispo e alguns padres de instigarem o conflicto.
O arcebispo de Juba pertence à comunidade Bari.
O conflito entre Baris e Mundaris é consequência da luta pelo controlo do poder em Central Equatoria. A maioria da população do Estado é Bari, mas o governador é um ex-senhor da guerra Mundari.
Os Baris dedicam-se sobretudo à agricultura enquanto que os Mundaris são criadores de gado.

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