30 de janeiro de 2009

DEMOLIÇÕES

Marcado do bairro de Juba © JVieira

Bairro de S José © Pawel Szalowski
O Governo de Central Equatoria iniciou uma campanha de demolição de construções clandestinas em Juba.
Começou pelo coração da cidade, o bairro velho de Juba Town e vai alastrar a toda a cidade. Foi o Governador que o anunciou.
O mercado parece que foi varrido por um furacão de força máxima. As construções de zinco que comerciantes ilegais foram construindo para fazer pela vida foram reduzidas a escombros por máquinas pesadas.
Do coração da cidade velha, a destruição alargou-se ao bairro onde Bakhita Radio está instalada, a zona do hospital.
Pequenas lojas que vendiam pão, bebidas e outras comodidades foram destruídas em uma tarde.
As autoridades dizem que as construções são ilegais, que os proprietários não pagam taxas. Que os clandestinos transformaram partes de Juba em autênticos bairros de lata.
É verdade!

Mas também é verdade que em Juba não há emprego para todos e o comércio paralelo ou ilegal é um meio mais honesto de sobrevivência que a violência e o roubo. Que infelizmente estão a crescer.
Juba é um lugar complexo, com gente a chegar todos os dias à última fronteira do «oeste selvagem» onde se faz muito dinheiro com pouco investimento e a corrupção é a palavra de ordem!
Juba é sobretudo uma cidade muito cara onde a sobrevivência custa muito dinheiro.
O Estado tem todo o direito em ordenar a cidade.
Mas também tem a obrigação de dar alternativas aos comerciantes despejados.
O Estado tem obrigações morais em relação aos cidadãos. Não basta dar uma semana de aviso e deitar por terra um lugar que custou esforço, dinheiro e muitos sonhos.
O Estado tem responsabilidades!

1 comentário:

  1. Imagino a tristeza das pessoas ao verem os seus esforços reduzidos a escombros... Sem alternativas as coisas também não têm condições de ir para a frente. Sendo assim, mais valia o Estado estar quieto porque clandestino ou não, o comércio que lá se gerava, imagino que de alguma forma dava o mínimo de condições às pessoas e agora privadas disso estão mais perto de se entregarem ao "vale tudo" para conseguir o mínimo que seja! :(

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