29 de dezembro de 2011

PAPA REZA PELO SUDÃO DO SUL


O Papa rezou pelo Sudão do Sul durante a bênção a Roma e ao Mundo no Dia de Natal numa mensagem com a África no coração.
Bento XVI rezou para que o Nascimento do Redentor assista o povo do Sudão do Sul no empenho para defender os direitos de todos os cidadãos.
Ele pediu ao Menino Jesus para dar estabilidade política à Região dos Grandes Lagos da África.
O Papa pediu a ajuda de Deus para assistir os povos do Corno da África, que – como ele disse – sofrem fome e falta de comida, agravada por um estado de insegurança persistente.
O Santo Padre pediu à comunidade internacional para oferecer assistência aos muitos deslocados pela carestia.
Bento XVI disse aos milhões que o seguiram pela TV e aos milhares que se juntaram na Praça de São Pedro, no Vaticano, que Jesus trouxe ao mundo uma mensagem universal de reconciliação e paz.
Ele desafiou as pessoas a abrirem o coração a Jesus para o receberem nas suas vidas.
O Papa concluiu a mensagem com saudações natalícias em mais de 60 línguas.

28 de dezembro de 2011

NATAL EM GUIDEL




Passei o Natal em Barguel com um colega que dirige uma escola profissional financiada por Sudin, uma ONG italiana.
O padre Giovanni Girardi foi buscar-me ao aeródromo de Rumbek e depois de fazermos as compras para as festas – uma oportunidade para conhecer o mercado da capital do Estado de Lakes – pusemo-nos a caminho para Barguel.
A escola fica camuflada numa pequena floresta de árvores variadas entre a estrada que vai para Wau e uma clareira feita pelas inundações anuais do rio Guel. Um pequeno paraíso tranquilo, cheio de pássaros e de paz.
Na sexta-feira aproveitei para visitar a Rádio Don Bosco de Tonj, que fica a uns 60 quilómetros de Barguel. A picada recentemente reabilitada está em ótimas condições. Veio-me ao coração um imenso sentido de liberdade enquanto fazia a estrada sozinho por entre a savana equatorial.
Fiquei admirado com as movimentações das forças da ordem – polícia e militares – em preparação para o Natal. Aliás, acabei por dar boleia a cinco polícias que vinham de Juba – dois dias de viagem – e cujo camião avariou perto de Tonj.
A Don Bosco é uma estação modesta mas a fervilhar de vida. O apresentador de serviço aproveitou a minha passagem para fazer uma entrevista sobre o sentido do Natal. Gostei!
De volta a Barguel, comecei a minha rotina de férias com «Clarabóia» do José Saramago: um livro interessante, com partes muito rebuscadas, outras páginas que me remeteram para Camus e Sartre, uma estória tecida de vidas no tear de um prédio de Lisboa nos anos 50. Sendo uma obra antiga, destoa ser grafado no português do acordo ortográfico.
Li, caminhei, conversei com os alunos que frequentam a escola, ouvi o silêncio, passeei por entre a erva alta da clareira – o rio tinha voltado ao leito fechado há pouco tempo –, dormi, rezei, brinquei com os cabrititos que vinham pedir a minha atenção…
A Missa do Galo impressionou-me pela participação caótica dos fiéis que encheram um dos grandes pavilhões da escola até transbordar. O Giovanni lá levou a celebração a bom termo em hora e meia apesar dos gritos e corridas dos miúdos traquinas e das conversas animadas em dinka dos adultos…
Vivem com o Giovanni três voluntários italianos que o assistem na administração da escola. A Lisa preparou uma lasanha inteiramente artesanal para o almoço de Natal, que foi mais um lanche.
Depois da missa, das 11h30 às 13h00, os alunos da escola receberam os diplomas do primeiro ano de construção civil e os da sexta à oitava os boletins com as notas do ano mais uns prémios. Uma cerimónia que meteu muitos discursos – o ministro da educação do estado de Lagos apareceu a meio – e alguns jogos com os alunos.
A meio da função pediram-me para levar um bebé com um ataque de malária a Cueibet, uma vila a uns dez quilómetros de Barguel, e assim pude safar-me por um bocado ao enfado de estar numa cerimónia longa totalmente conduzida em dinka e cheio de fome!
Almoçámos já passava das 16h00. A lasanha da Lisa estava uma delícia. Havia também carne de vaca – o Giovanni mandou matar um boi para o almoço dos alunos e ficou com uma perna –, alface e couves cozidas do horto da escola, o famoso «panetone» - primo italiano do bolo-rei… E um bom branco para regar tudo porque o diretor de Sudin é produtor de vinhos de qualidade e mete umas caixas nos contentores que anualmente envia para a escola com material diverso.
No dia 26, segunda-feira, fui visitar as Combonianas a Cueibet. A Maria do Carmo, de Rio Caldo – Gerês, fez as honras da casa e mostrou-me o quintal cheio de árvores a crescer: uma nespereira e uma nogueira têm lugar de destaque entre os lulus, uma árvore local muito apreciada pela sombra e pelos frutos, pés de manga, papaieiras, mognos, nimes… Um verdadeiro jardim do Éden em termos botânicos numa região bastante seca e desflorestada.
Regressei a Juba no dia 27 com as baterias recarregadas e o coração tranquilo para mais um período de trabalho à frente da redação da Rede Católica de Rádios – porque os bispos na assembleia plenária de Outubro decidiram tirar a palavra Sudão do nosso nome. Tínhamos proposto mudar o nome para Rede Católica de Rádios do Sul do Sudão depois da independência, mas uma das estações – a Voz da Paz – encontra-se em Gidel, que é parte do Sudão!

21 de dezembro de 2011

NATAL



O Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade

O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande

O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções

O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará
O Natal não é ornamento
 José Tolentino Mendonça

20 de dezembro de 2011

2011


© WAlves

O Sudão do Sul viveu momentos espaciais em 2011. No inicio do ano, os sul-sudaneses votaram em massa pela independência num referendo de autodeterminação e a 9 de Julho celebraram a independência com uma festa que varreu o pais de lés a lés.

A independência representou o fim de uma luta de mais de 50 anos pelo direito à autodeterminação com custos humanos tremendos: mais de 2,5 milhões de pessoas morreram em duas guerras civis e mais de quarto milhões foram deslocadas pela última guerra de 1983 ate 2005. Mas a fé e a força de vontade das gentes do Sudão do Sul venceram!
A lua-de-mel pós independência foi curta e os cidadãos e o governo depressa tiveram que confrontar a trindade do demónio que afecta o país: corrupção, tribalismo e nepotismo que gera violência e impede o desenvolvimento.
O Sudão do Sul apesar de estar na cauda dos índices de desenvolvimento humano, é um país rico em gente, petróleo, solos, água, florestas, minerais... Necessita de uma liderança que se preocupe com o bem comum e motive as pessoas a trabalhar os campos para além da agricultura de subsistência e a comercializar o gado.
A Rede Católica de Rádios do Sudão também viveu um ano especial em 2011 com as nove emissoras no ar. Um trabalho árduo que levou cinco anos de muita paciência, recursos e teimosia por parte da equipa comboniana, dos directores diocesanos e dos muitos colaboradores das estações. A cadeia tem também uma redacção central – a meu cargo – e um centro de produção que faz sobretudo programas de educação cívica.
A nível dos Combonianos, desde Janeiro que temos uma liderança nova e continuamos a fazer preparações para passar algumas obras que atingiram a maturidade à igreja local para ficarmos livres para outros trabalhos de fronteira. Em 2012, o Colégio de Lomin – com quase 300 alunas e alunos internos do ensino secundário – deve passar para a administração da diocese de Yei e a paróquia um ano mais tarde. Em final de 2013, os bispos devem nomear um jornalista para assumir o meu trabalho e um director para substituir a Irmã Paola na coordenação da cadeia.
Para o ano devemos abrir uma comunidade na periferia de Juba para a formação de sul-sudaneses que queiram ser combonianos, apostolado bíblico e assuntos de justiça e paz.
Este trabalho foi uma surpresa agradável. Eu seguia o projecto mas nunca imaginei acabar em Juba a fazer parte da equipa fundadora da cadeia. Tem sido um privilégio viver e trabalhar com esta gente, partilhar das alegrias da independência e das dores do parto da nova nação. Até porque o Sudão do Sul, juntamente com o Sudão, são a Terra Santa da família comboniana.

7 de dezembro de 2011

JUMENTINHO



Um jumentinho voltando para sua casa todo contente, fala para sua mãe:
- Fui a uma cidade e quando lá cheguei fui aplaudido, a multidão gritava alegre, estendia seus mantos pelo chão... Todos estavam contentes com minha presença.
Sua mãe questionou se ele estava só e o burrinho disse:
-Não, estava levando um homem com o nome de Jesus.
Então sua mãe falou:
-Filho, volte a essa cidade, mas agora sozinho.
Então o burrinho respondeu:
- Quando eu tiver uma oportunidade, voltarei lá...
Quando retornou a essa cidade sozinho, todos que passavam por ele fizeram o inverso, maltratavam, xingavam e até mesmo batiam nele.
Voltando para sua casa, disse para sua mãe:
- Estou triste, pois nada aconteceu comigo. Nem palmas, nem mantos, nem honra... Só apanhei, fui xingado e maltratado. Eles não me reconheceram, mamãe...
Indignado o burrinho disse a sua mãe:
- Porque isso aconteceu comigo?
Sua mãe respondeu:
- Meu filho querido, você sem JESUS é só um jumento...

Obrigado, Raimundo, por esta estorinha gostosa!

23 de novembro de 2011

ORAÇÃO PELOS AMIGOS


© JVieira

Obrigado, Senhor, pelos amigos que nos deste. Os amigos que nos fazem sentir amados sem porquê. Que têm o jeito especial de nos fazer sorrir. Que sabem tudo de nós, perguntando pouco. Que conhecem o segredo das pequenas coisas que nos deixam felizes.

Obrigado, Senhor, por essas e esses, sem os quais, caminhar pela vida não seria o mesmo.
Que nos aguentam quando o mundo parece um sítio incerto. Que nos incitam à coragem só com a sua presença. Que nos surpreendem, de propósito, porque acham mal tanta rotina. Que nos dão a ver um outro lado das coisas, um lado fantástico, diga-se.

Obrigado pelos amigos incondicionais. Que discordam de nós permanecendo connosco. Que esperam o tempo que for preciso. Que perdoam antes das desculpas. Essas e esses são os irmãos que escolhemos. Os que colocas a nosso lado para nos devolverem a luz aérea da alegria. Os que trazem, até nós, o imprevisível do teu coração, Senhor.

Pe. Tolentino de Mendonça

20 de novembro de 2011

PADRE PHILLIP


© JVieira
O diácono comboniano Phillip Andruga foi hoje ordenado presbítero numa bonita, colorida e longa festa debaixo dos pés de manga atrás da catedral de Yei, a sua terra natal, e abençoada com uma boa chuvada.
Durante a homilia, Dom Erkolano Lodu Tombe, bispo de Yei, disse que o Phillip era um dom da sua Igreja à congregação dos Missionários Combonianos.
O bispo disse ainda que a diocese devia estar muito feliz por o Phillip ser um missionário e recordou que toda a Igreja precisa de servidores.
O padre Phillip estava muito comovido e feliz. Ele disse que a ordenação foi um dia ansiado e partilhado por muita gente.
O neo-ordenado disse que quer ser padre à maneira de Jesus, Bom pastor, que partilha as alegrias e tristezas do povo.
A alegria da ordenação do padre Phillip foi no entanto constrangida pela morte do seu pai, Natalino Kenyi, que foi assassinado há duas semanas na sua casa de Juba.
O padre Phillip cursou teologia em São Paulo – Brasil e fez o serviço missionário de dois anos em duas missões no Sudão do Sul, onde vai permanecer nos próximos três anos.
Na mesma cerimónia, um seminarista de Yei foi ordenado diácono.
Dom Erkolano estava muito feliz porque há nove anos que não ordenava ninguém para a sua diocese.
Um abraço de parabéns aos Filipinho – como eu lhe chamo!