31 de março de 2011

NORTADA


Pinto da Costa e Filipe Vieira chocam com as respectivas «bombas» num certo cruzamento.
Em vez de começar a disparatar, Pinto da Costa diz a Vieira:
- Num bamos discutir, carago. Já basta fazermos isso no futebol. Façamos as pazes...
E estende a mão a Vieira. Este, surpreendido pela bondade de Pinto da Costa, aperta-lhe a mão.
Pinto da Costa então diz:
- Bamos já celebrar a nossas pazes cum binhinho do Puorto!
Vieira não se faz rogado, pega na garrafa, emborca metade e passa-a a Pinto da Costa. Este não pega nela.
Vieira, intrigado, pergunta:
- Então homem, você não bebe?
- Nom-e! Estou à espera que chegue a polícia pra bocê assuprar no balonzinho!

27 de março de 2011

LÍBIA

© GADO
- O Oeste não tem nenhum direito em atacar a Líbia É um problema africano… (Moseveni)
- Sim. O problema da matança de africanos devia ser deixado connosco, os africanos! (Mugabe)
- E nós somos bons nisso… (Al Bashir)
1994: Genocídio do Ruanda (Kagame)

23 de março de 2011

OITENTA ANOS

© JVieira
A Igreja Católica celebrou no sábado juntamente com a festa de São José oitenta anos de presença em Juba, a capital do Sul do Sudão.
Foi graças à tenacidade do comboniano padre Giuseppe Zambonardi que a comunidade católica conseguiu atravessar o Nilo Branco e estabelecer-se em Juba.
Os ingleses tinham destinado aos católicos a margem direita do rio enquanto a margem esquerda – onde estava Juba – pertencia aos anglicanos.
Os Combonianos fundaram a missão de Rajaf nos anos vinte do século passado uns quinze quilómetros a Sul de Juba, na outra margem. A igreja, construída integralmente de tijolos de barro preparados no local, tem postura de sé-catedral.
Entretanto, os missionários sonhavam com uma comunidade em Juba para poder abastecer as missões que entretanto iam florescendo a leste do rio.
O padre Zambonardi pediu e insistiu até que a administração colonial autorizou os combonianos a fundar uma comunidade em frente ao hospital de Juba, longe do centro político e administrativo da cidade.
A comunidade foi oficialmente inaugurada a 19 de Março de 1931. A capela, dedicada a São José, para o serviço dos missionários e dos pacientes católicos do hospital, veio mais tarde.
Entretanto, os Combonianos foram expulsos do Sudão em 1964 e a capela de São José, tornou-se sede de paróquia enquanto a procuradoria das missões passou a ser cúria diocesana.
Hoje São José é uma das paróquias mais activas da cidade e a igreja – é antes uma capela grande – é muito pequena para acomodar os católicos que tomam parte nas missas dominicais em bari, inglês e árabe.
A comunidade iniciou a construção de um novo templo – o arquiteto disse-me que vai levar 1500 fiéis mais do tamanho dele que do meu – mas a falta crónica de fundos está a demorar a sua conclusão.
O pároco de São José, padre Alfred Lodu Mödi, disse aos fiéis no fim da missa da festa, que a primeira igreja católica foi construída em Juba graças à tenacidade do padre Zambonardi.
Ele pediu o mesmo empenho à comunidade católica para testemunhar a fé no momento histórico de grande agitração que o Sul do Sudão está a viver a quatro meses da independência.

20 de março de 2011

NATIONAL ANTHEM

This is the final version approved by the Independence Taskforce, two stanzas sorter than the original:


Oh God!
We praise and glorify you
For your grace on South Sudan,
The land of great abundance
Uphold us united in peace and harmony

Oh motherland!
Arise! Raise your flag with the guiding star
And sing songs of freedom with joy,
For peace, justice and liberty
Shall forever more reign.

Oh great warriors!
Let us stand up in silence and respect
Saluting our martyrs whose blood
Cemented our national foundation,
We vow to protect our nation.

So Lord, bless South Sudan!

VIOLÊNCIA


© JVieira

O estado de graça do referendo passou e a onde de paz e de festa deu lugar de novo à violência e morte no Sul do Sudão.
No último mês registaram-se uma vintena de incidentes que fizeram mais de 500 vítimas mortais e milhares de deslocados em quatro estados: lutas inter-tribais pelo controlo de terras em Jonglei e Lakes; soldados da componente do Norte do exército unido pelo controlo de armamento pesado depois do desmantelamento da unidade em Malakal; milícias que atacaram povoações em Jonglei; combates entre soldados e milícias em Upper Nile, Unity e Jongle.
A nível político o clima também é de alta tensão: o governo de Juba suspendeu as negociações pós-referendárias com os homólogos de Cartum, acusando-os de financiar e armar as milícias que combatem no Sul e de terem um plano para derrubar o governo de Salva Kiir e pôr no seu lugar uma administração fantoche que pare com o processo de independência.
Entretanto, em Juba a oposição abandonou o comité técnico que está a rever a constituição interina acusando o SPLM, o partido dominante, de não respeitar o princípio de que as decisões são tomadas por consenso e não por maioria.
Aliás, a constituição do comité foi o primeiro chuto no pé do partido maioritário: o grupo de 24 elementos era constituído exclusivamente por ministros e tecnocratas, sem representantes da oposição, da sociedade civil e dos grupos de fé. 
O governo defendeu-se como pôde dizendo que o comité era técnico para rever a presente constituição para guiar o novo país até a assembleia constituinte aprovar uma lei fundamental feita de raiz… 
No final, teve que alargar o comité para mais de 50 elementos, mas deixando de fora a sociedade civil e os representantes religiosos.
A classe política – velha e acomodada – convive mal com ideias novas e com o embate com a sociedade civil pujante e interventiva e a consciência moral dos grupos religiosos.
Entretanto, os bispos católicos propuseram uma campanha de dez passos para a unidade para tentar manter o país unido até à independência que deve ser proclamada a 9 de Julho em Juba.

16 de março de 2011

PRIMAVERA


A primavera está por toda a parte. Em nosso redor a natureza parece vencer a imobilidade do inverno e amontoa os traços insinuantes do seu reflorir. Há uma seiva que revitaliza a paisagem do mundo. Mesmo nos baldios, nos pátios e quintais abandonados, nos jardins mais desprovidos a primavera desponta com uma energia que arrebata.
Penso muitas vezes nos versos do Cântico dos Cânticos, o mais primaveril poema da Bíblia: «Fala o meu amado e diz-me: “Levanta-te! Anda, vem daí, ó minha bela amada! Eis que o inverno já passou, a chuva parou e foi-se embora; despontam as flores na terra, chegou o tempo das canções, e a voz da rola já se ouve na nossa terra; a figueira faz brotar os seus figos e as vinhas floridas exalam perfume. Levanta-te! Anda, vem daí, ó minha bela amada! Minha pomba, nas fendas do rochedo, no escondido dos penhascos: deixa-me ver o teu rosto, deixa-me ouvir a tua voz; pois a tua voz é doce e o teu rosto, encantador”» (Ct 2, 10-14). Neste poema, a primavera do mundo é uma representação simbólica da primavera interior que nos desafia. Na verdade, o nosso coração não pode continuar eternamente sequestrado pelos impasses dos seus invernos gelados. A nossa vida está prometida à primavera – é a mensagem que o despertar da natureza (e aquele mais íntimo) nos parece segredar.
Mas também acontece que o renascimento do mundo nos parece incomparavelmente mais simples que o nosso. Por nossa parte, sentimo-nos soterrados e sem forças. Achamos que já passou demasiado tempo, que em algum momento do percurso nos perdemos e que talvez isso seja agora irremediável. Vamo-nos deixando ficar num conformismo tácito, insatisfeitos e adiados, a ponto de desistir. Certamente a voz da primavera não nos deixa indiferentes: ela há de sempre sobressaltar-nos. Mas olhamos para ela com mais nostalgia do que com esperança. Contemplámo-la à distância. Ou então defendemo-nos dela como podemos, fingindo não perceber o que significa. No fundo de nós mesmos, consideramos que a primavera já não é para nós. E no nosso coração andamos às voltas com aquela pergunta que também a Bíblia conserva e que não temos paz enquanto não conseguirmos responder: «Pode um homem, sendo velho, nascer de novo?» (Jo 3,4).
Os cristãos começam por estes dias um tempo litúrgico que é uma espécie de pronto-socorro da primavera. Falo da quaresma. Gosto de explicá-la a mim mesmo como um curso intensivo de jardinagem, pois trata-se de revitalizar a paisagem da vida, projetando-a dinamicamente, devolvendo-lhe intensidade e cor. A quaresma aprofunda três sulcos, afinal muito simples (o da oração, o da esmola e o da renúncia a que chamamos jejum), mas pode constituir uma alavanca de transformação que restaura em nós a liberdade de ser, que cimenta a capacidade de reconstruir a vida e de a viver fraternalmente, que nos dá um sentido de confiança capaz de abraçar criativa e serenamente a própria fragilidade, que melhora o nosso ânimo e até o nosso humor. Fazemos Quaresma para arriscar a Páscoa.
José Tolentino Mendonça  em Diário de Notícias (Madeira)

10 de março de 2011

SOUTH SUDAN ANTHEM


Oh God!
We praise and glorify you
For your grace on South Sudan,
The land of great warriors
And cradle of world’s civilization.

Oh Father Land!
Arise, shine, raise your flag with the guiding star
And sing songs of freedom with joy,
For peace, liberty and justice shall forever more reign.

Oh brave warriors!
Let’s stand up in silence and respect,
Saluting millions of martyrs whose
Blood cemented our national foundation.
We vow to protect our nation.

Oh Mother Land!
Land of milk and honey and hardworking people,
Uphold us united in peace and harmony.
The Nile, valleys, forests and mountains
Shall be our sources of joy and pride.
So Lord bless South Sudan.

Thirty seven artists took part in the national anthem contest last year and a group from the University of Juba headed by Medo Samuel was announced the winner. The different Juba church choirs are rehearsing the hymn to be ready for July 9 independence. So far there were twelve rehearsals in as many churches from different denominations.