30 de novembro de 2007

Santa Bakhita


UM MODELO DE ESPERANÇA

Santa Bakhita é um exemplo moderno de esperança e um modelo de encontro com Deus, escreveu o Papa na sua última encíclica.
Bento XVI afirma na carta encíclica «
Spe Salvi» - «Na esperança fomos salvos», publicada hoje no Vaticano, que Santa Bakhita é um exemplo contemporâneo de vida cristã.
«Josefina
Bakhita, uma africana canonizada pelo Papa João Paulo II [o] exemplo de uma santa da nossa época pode, de certo modo, ajudar-nos a entender o que significa encontrar pela primeira vez e realmente este Deus», escreve o Papa.
Bento XVI faz um breve resumo da vida de Santa Bakhita para explicar como a escrava do Darfur se tornou em santa e exemplo de esperança.
O papa escreve que quando Bakhita foi para Itália, descobriu em Jesus um novo patrão, que a libertou e ela sentiu necessidade de partilhar a sua experiência através de algumas missões em que participou.
«A libertação recebida através do encontro com o Deus de Jesus Cristo, sentia que devia estendê-la, tinha de ser dada também a outros, ao maior número possível de pessoas», explica Bento XVI.
E conclui o Papa: «A esperança, que nascera para ela e a « redimira », não podia guardá-la para si; esta esperança devia chegar a muitos, chegar a todos.»
A encíclica «Spe Salvi» foi publicada hoje em oito línguas: latim, português, inglês, italiano, alemão, espanhol, polaco e francês.
O documento está dividido em 50 parágrafos e tem 40 citações.
«Spe Salvi» é a segunda carta encíclica publicada por Bento XVI. Há dois anos o papa tinha escrito «Deus Charitas Est», Deus é amor.

22 de novembro de 2007

HOSPITAL DO SENHOR

Fui ao Hospital do Senhor fazer um check-up de rotina e constatei que estava doente.
Quando Jesus mediu a minha pressão, verificou que estava em baixa de TERNURA.
Ao medir a temperatura, registrou 40º de EGOISMO.
Fiz um eletrocardiograma e foi diagnosticado que precisava de uma PONTE de AMOR, pois a minha veia estava bloqueada e não estava a abastecer o meu CORAÇÃO VAZIO.
Passei pela ortopedia, pois estava com dificuldade de andar lado a lado com o meu irmão, e não consegui abraçá-lo por ter fracturado o braço ao tropeçar na minha VAIDADE.
Constatou-se Miopia, pois não conseguia enxergar além das APARÊNCIAS.
Queixei-me de não poder ouví-lo e diagnosticou bloqueio em decorrência das PALAVRAS VAZIAS do dia-a-dia.
Obrigado SENHOR, por não me teres cobrado a consulta, pela tua grande MISERICÓRDIA. Prometo, ao sair daqui, somente usar Remédios Naturais, que me indicaste e que estão no receituário do TEU EVANGELHO.
Vou tomar, diariamente, ao levantar, CHÁ DE AGRADECIMENTO; ao chegar ao trabalho vou beber uma colher de sopa de BOM-DIA e, de hora em hora, um comprimido de PACIÊNCIA com um copo de HUMILDADE.
Ao chegar a casa, SENHOR, vou tomar diariamente uma injeção de AMOR e ao deitar duas cápsulas de CONSCIÊNCIA TRANQUILA.
Agindo assim, tenho a certeza que não ficarei mais doente e todos os dias serão de CONFRATERNIZAÇÃO E SOLIDARIEDADE.
Prometo prolongar este tratamento preventivo por toda a minha vida, para que, quando me chamares, que seja por MORTE NATURAL.
Obrigado, Senhor !!!

Obrigado, Anabela

21 de novembro de 2007

ALTA TEMPERATURA

O presidente do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, pediu às Popular Defense Forces (PDF, as Forças de Defesa Popular) no sábado para treinarem «mujahideen» (combatentes muçulmanos) «não por causa da guerra, mas para estarem preparados para qualquer eventualidade.»
As PDF são milícias pró-Cartum que praticaram crimes contra civis (massacres e violações em massa) durante a guerra civil que terminou em 2005.
Pagan Amun, Secetário-Geral do Sudan People’s Liberation Movement (SPLM, Movimento de Libertação do Povo do Sudão, no poder no Sul do Sudão) respondeu à letra e disse que o SPLA (as forças armadas do sul) se encontra em mobilização geral e que está 100 vezes mais forte.
O duelo - até agora de palavras - entre os dois parceiros principais do governo de unidade nacional está a atingir proporções assustadoras desde que o SPLM abandonou o Governo Nacional em Outubro como protesto pela não implementação do Acordo Global de Paz (CPA na sigla inlesa).
Desta vez, o pomo da discórdia é o enclave de Abyei. A área, rica em petróleo, devia pertencer ao sul, de acordo com as conclusões da Comissão de Fronteiras de Abyei.
Os árabes não querem largar mão do petróleo de Abyei e de outras zonas de fronteira que continuam a ser ocupadas pelas forças armadas do norte, em violação flagrante do CPA.

15 de novembro de 2007

ABRAÇO

© JVieira

De repente me deu vontade de um abraço...
Uma vontade de entrelaço,
de proximidade...
de amizade, sei lá...
Talvez um aconchego,
que enfatize a vida e amenize as dores,
Deu vontade de poder rever saudade
de um abraço.
Só sei que me deu
vontade desse abraço.
Vinicius de Moraes

14 de novembro de 2007

DARFUR

GRUPOS ADEREM AO PROCESS DE UNIFICAÇÃO EM JUBA

Quatro grupos rebeldes do Darfur e seis indivíduos decidiram unificar-se sob a designação Sudan Liberation Movement/Army.
Na terça-feira, Sudan Liberation Movement/Army, Justice and Equality Movement – Field Revolutionary Command, Democratic Popular Front e Sudanese Revolutionary Front assinaram em Juba a «Carta de Unificação».
Numa nota à imprensa, nove líderes dos quatro grupos signatários dizem que os grupos vão-se unificar sob a designação Sudan Liberation Movement/Army, estabelecer uma comissão especial para iniciar e conduzir o processo de unificação e dissolver todas as organizações existente.
Hoje, seis dirigentes da facção A-Khamis do Sudan Liberation Movement/Army decidiram abandonar todos os seus títulos políticos e militares e unirem-se ao processo de unificação entre os grupos do Darfur a decorrer em Juba, no Sul do Sudão.
«[Nós acreditamos] que na unidade está a nossa força porque a unidade é a base para qualquer actividade política, social, humanitária e de desenvolvimento», os signatários escreveram numa nota distribuída à imprensa esta tarde.
O documento condena «mortes em massa, violações e genocídio perpetrados pelo Governo do National Congress Party dirigido por El-Bashir.»
O processo de unificação de Juba, mediado pelo Movimento de Libertação do Povo do Sul do Sudão (SPLM na sigla inglesa), pretende unir as muitas facções do Darfur antes de as conversações de paz recomeçarem na cidade Líbia de Sirte, em Dezembro.

7 de novembro de 2007

REFRACÇÕES


A CRIANÇA QUE VIA ESTRELAS

Era noite! Estava cansada de mais um dia de aulas, estudo, agitação e rotinas. Fiz os deveres, fui ao computador e apressei-me para ir para a cama. Tomei banho, lavei os dentes e vesti-me.
Já na cama, fechei os olhos e rapidamente se apagaram em mim todos os pensamentos.
Entrei num mundo, o meu mundo.
Tudo era claro. Ao longe via um fundo coberto de cores calmas: amarelo, cor-de-rosa bebé, azul bebé, cor-de-laranja.
Existia também uma quantidade infinita de flores e plantas nunca vistas. Talvez fossem plantas imaginárias que criamos no âmbito de uma ilusão!
De repente – e para meu espanto – encontrei uma criança que olhava o céu e em pleno dia dizia ver as estrelas.
Reparei também que estava rodeada de lindas borboletas que pareciam fazê-la voar.
Pensei: mas se este é um sitio meu que faz esta criança de pele clara e com a cara coberta de pintinhas aqui? Depressa afastei este pensamento e desatei a falar com ela. Estranhamente não tive curiosidade de saber quem era. Falámos de sonhos e de medos. Que pensamentos tão controversos, mas que nos elucidaram tanto.
– Fala de ti!, pedi.
– Pouco tenho a falar… Sabes bem que me conheces!
Fiquei intrigada com esta resposta, mas nem liguei muito. Afinal era uma criança e o que me poderia ensinar ela?
Como em sufoco ela diz-me:
– Na verdade estou aqui, porque existem coisas das quais já não te lembras. São passado mas constituem o teu presente e farão parte do teu futuro. Lembras-te do dia em que entraste para a escola e daquilo que sentiste; do orgulho que por tempos tiveste e voltaste a ter pelo teu pai; da alegria que exibiste quando soubeste que ias ter o teu primeiro primo; do que sentiste no primeiro dia no 5.º ano ao conhecer uma das pessoas mais importantes da tua vida; do que sentias de todas as vezes que chegavas a casa e Ela estava à tua espera; do orgulho que exibes pela tua mãe; de quão feliz o teu tio te faz; de quando chamaste pela primeira vez mana àquela que vês como melhor amiga; do dia em que te uniste firmemente à Cátia e à Ana; da leveza que sentes ao ouvir as músicas daqueles que bem conheces e que tanto te identificas; da adrenalina que sentes ao entrar no Estádio; do orgulho, esperança e vontade que sentes perto dos teus novos amigos; de todos aqueles que NOS fazem felizes próxima ou afastadamente…
Foi aqui que a interrompi!
– Nós? Mas afinal quem és tu?
– Eu? Sou a relação entre ti e os teus pensamentos mais puros, que a certo momento te viu sem eira nem beira e decidiu falar-te daquilo que eras, daquilo que era, daquilo que és, daquilo que sou, daquilo que fomos e daquilo que somos. Lembras-te do dia em que conseguiste ver as estrelas?
Foi então que percebi que as crianças são o relógio do mundo e quando já não há rumo possível, elas resolvem o problema acendendo a luz.
Carla Pereira

3 de novembro de 2007

SKYE

© JVieira

Skye Wheeler é a correspondente da Reuters no Sul do Sudão.
Nasceu no Quénia de um casal inglês.
É formada em filosofia, deu aulas de inglês durante algum tempo nas montanhas Nubas, Sudão, e acabou por se render ao jornalismo.
Skye é a minha jornalista favorita em Juba. Pela dedicação e pelo profissionalismo com que investiga e a escreve as suas histórias. E têm sido muitas distribuídas pela Reuters e pelo portal Gurtong que gere.
Usava uma mobilete para se deslocar, desafiando o pó, os buracos, o calor, a chuva.
Um dia o motor parou, cansado. Comprou uma mota, a mítica «Senke» que é montada a RD Congo e que enxameia as ruas de Juba.
Dois ou três dias depois fomos ao aeroporto cobrir a chegada de dois ministros de uma reunião importante da Etiópia. Durante a conferência de imprensa, roubaram-lhe a «Senke». Teve que gastar mais 700 dólares para comprar outra. Chama-lhe Mula. Uma mula obediente. Caiu algumas vezes com a mobilete, mas tem-se dado bem com a Mula.
Skye e eu somos os únicos jornalistas estrangeiros em Juba. Por isso, estabeleceu-se entre nós alguma cumplicidade que deu origem a uma bonita amizade. Partilhamos informações, contactos, alertas. Quando nos encontramos na cobertura de algum acontecimento, enquanto esperamos costumamos conversar sobre o que vivemos, o que sentimos, o que vimos. E a gente aqui espera mesmo. As conferências de imprensa costumam começar com uma ou mais horas de atraso.
O último encontro do presidente do governo do Sul do Sudão, Gen. Salva Kiir Myardit, com os jornalistas então foi o máximo.
Convocaram-nos para estarmos às 11h00 no ministério da Informação. Quando lá chegámos, disseram que a conferência de imprensa seria às 14h30 no Home and Way, o lugar mais chique de Juba.
Entretanto, um funcionário da presidência apareceu com um aviso público para ser divulgado pela rádio a dizer que a conferência estava marcada para a Assembleia Legislativa. Lá informaram-nos que seria às 17h00, mas que tínhamos que estar sentados no parlamento às 16h30.
Salva Kiir acabou por fazer uma curta declaração eram quase sete da tarde a dizer que o Sul não ia voltar à guerra com o Norte e que a actual crise política se havia de resolver quando os árabes decidissem começar a cumprir à risca o Acordo Compreensivo de Paz.
Estivemos todo o dia «presos» ao presidente para saber que as coisas se mantinham como estavam!