31 de março de 2006

Primavera

Primavera
Primarraquel
Primaana
Primaceleste
Primacélia
Primapaula
Primaisabel
Primalúcia
Primaceleste
Primamaria
Primananda
Primalivina
Primalina
Primamercês
Primacristina
Prim(ai)lda
Estação de vida
De ternura!

Abrir aspas

GRIPE DAS AVES
- Senhor, que fazemos sobre a crise global da gripe das aves?
- Bombardeai as Ilhas Canárias e a Turquia!
(Turkey em inglês significa peru)
Ilustração de Zapiro para Mail & Guardian (Joanesburgo - África do Sul)

Mil palavras


Alegria partilhada é alegria dobrada.
Dor compartida é dor meio diminuída.
Provérbio sueco

30 de março de 2006

Leituras


AMOR INTEGRADO

Bento XVI escreveu a sua primeira carta encíclica sobre o amor. Chamou-lhe, em latim, «Deus Caritas Est», «Deus é Amor» (Paulinas 2006) e dividiu-a em duas partes: (1) A unidade do amor na criação e na história da salvação e (2) Caritas – a prática do amor realizada pela Igreja enquanto «comunidade de amor».
O Papa Ratzinger remete-nos assim através do seu primeiro documento para o essencial da vida cristã: a experiência do amor de Deus por cada um de nós. Somos fruto da benevolência divina, do seu amor eterno (1Reis 10, 1-10).
«As palavras [Deus é amor] exprimem o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do ser humano e do seu caminho» (n.º 1).
Os Gregos têm três palavras para designar o amor: eros, philia e ágape; o amor erótico, a amizade e o amor oblativo. Muitos mestres cristãos viam nessa gradação o caminho espiritual a fazer: passar do eros à philia e desta ao ágape, o amor maior.
O papa apresenta uma visão diferente: a integração do amor. Escreve que «na realidade, eros e ágape – amor ascendente e amor descendente – nunca se deixam separar completamente um do outro» (n.º 7). E prossegue: «o “amor” é uma única realidade, embora com distintas dimensões. […] Quando as duas dimensões se separam completamente uma da outra, temas uma caricatura ou, de qualquer modo, uma forma redutiva do amor» (n.º 8). E cita um autor cristão antigo que, num tratado sobre os nomes divinos, «chama Deus, ao mesmo tempo, eros e ágape» (nota 7).
A editora Rei dos Livros vai publicar uma edição solidária da encíclica «Deus é Amor». A obra terá introdução e comentários de Tony Neves, missionário espiritano, e é ilustrada com 162 fotos de Lúcia Pedrosa. A editora oferece dois euros e meio por cada livro vendido ao Centro de Meninas do Huambo, em Angola. Esta edição custa 10 euros.
A sessão de apresentação da obra decorre na Livraria do Rei dos Livros, Rua de S. Nicolau 22, na Baixa de Lisboa, terça-feira, 4 de Abril, ás 18h00.

Relax


TENTAÇÕES

Um padre novato e bonitão chega à paróquia, em substituição do velho abade que se aposentou.
No seu primeiro dia de serviço, recebe uma paroquiana que se quer confessar.
No escurinho do confessionário ela diz:
- Padre, perdoe-me porque pequei...
- Diga-me, filha: quais são seus pecados?
- Padre, o demónio da tentação apoderou-se de mim, pobre pecadora!
- Como é isso, filha?
- É que quando falo com um homem, tenho sensações no meu corpo que nem sei como descrever!
- Filha, eu também sou um homem!
- Sim, Padre, por isso é que eu vim confessar-me ao senhor!
- Bem, filha, como são essas sensações?
- Não sei como explicá-las. Agora, por exemplo, o meu corpo não quer ficar ajoelhado e necessito de ficar mais a vontade!
- Sério?
- Sim, quero relaxar e ficar estendida...
- Filha, estendida como?
- De costas para o chão, até que me passe a tensão.
- E o que mais?
- É, vamos dizer, como se eu tivesse um sofrimento que não encontro conforto.
- E o que mais?
- É como esperar um pouco de calor que me alivie...
- Calor?
- Calor, Padre, calor humano que alivie o meu padecer...
- É tão frequente essa tentação?
- Permanente, Padre. Agora mesmo eu imagino que suas mãos estão sobre a minha pele e sinto-me aliviada.
- Filha!!!
- Sim, Padre, perdoe-me, mas tenho urgência de que alguém forte me pegue nos seus braços, me acaricie e dê o alívio que preciso!
- E esse alguém, seria... eu?
- Sim Padre... Você é o tipo de homem que imagino poder-me aliviar!
- Perdoe-me, filha, mas preciso saber... Qual é a sua idade?
- Setenta e quatro!
- Filha, reze três padrenossos e três avemarias e vá em paz. O seu problema é reumatismo!!!

29 de março de 2006

Mil palavras

Crepúsculo na Barrinha de Esmoriz - J. Vieira

28 de março de 2006

Abrir aspas


«QUEM ME DERA SER
UMA VACA JAPONESA!...»
Os subsídios para agricultores europeus e norte-americanos foram tema do en­contro da Organização Mundial do Comércio, em Hong Kong. Parece um assunto para eco­nomistas. Não é. Tem que ver com todos nós.
Há décadas que somos confrontados com a produção subsidiada de vegetais e de carne dos agricultores europeus e dos EUA. Numa palavra: fomos aceitar a lógica do mercado livre, mas esse princípio só vale para uns. O proteccionismo continua a ser válido desde que beneficie os próprios paí­ses ricos.
Fiquemos com um primeiro facto: uma vaca europeia recebe dois euros diários por via dos referidos subsídios. Uma vaca japo­nesa recebe 5,7 euros. Milhões de pessoas, entretanto, vivem com 82 cêntimos de euro por dia.
Uma segunda questão: será que esses subsídios vão para o agricultor pobre da Euro­pa? Admire-se o leitor incauto. O príncipe Al­berto do Mónaco não será um camponês po­bre. Mas ele juntamente com a rainha Isabel da Inglaterra, figura entre os 58 agricultores mais beneficiados pela chamada PAC (Política Agrícola Comum) da União Europeia.
A terceira questão é uma pergunta: o lei­tor sabe o que é o “dumping”? Pois eu não sabia. Aprendi o conceito quando seguia a intervenção da malawiana Irene Banda na referida reunião em Hong Kong. Pois o “dumping” consiste na fixação de preços abaixo dos custos de produção para liqui­dar a competição. Isso está sendo feito, por exemplo, para o algodão. Os produtores de algodão de África enfrentam esta gigantes­ca imoralidade. Vamos ver como.
Com uma primeira ressalva: ao falar de algodão não nos referimos a um produto. Falamos, sim, de 20 milhões de africanos que dependem da sua produção. Não é, co­mo se pode ver, um assunto para economis­tas. O algodão é um bom exemplo de como as distorções comerciais e o tal “dumping” falsearam as normas do relacionamento entre os países.
Os reflexos desta injustiça mostram como podemos entender a chamada «ajuda» dos chamados “doadores”. Em cinco anos, 25 mil produtores dos Estados Unidos recebe­ram 9,8 mil milhões de euros em subsídios. Ao mesmo tempo, devido a uma descida bru­tal dos preços internacionais do produto, mais de 10 milhões de agricultores africanos sofreram uma dramática queda de rendimen­tos. Em 2001, a ajuda financeira dos EUA ao Mali foi de 31 milhões de euros. O país per­deu por causa desta política proteccionista cerca de 35,4 milhões de euros. O «dumping» do milho nos EUA representa para países co­mo as Honduras, Equador, Venezuela e Peru a perda de 3,3 mil milhões de euros por ano.
A conclusão pode ser apenas esta. Nós, pobres do Terceiro Mundo, pedimos aos ri­cos o seguinte: não nos dêem mais. Basta que não tirem mais.
(1200 milhões de pobres absolutos, segundo Relatório da ONU de 2002, mas a cifra sobe a 2800 milhões de fizermos a conta aos que têm um rendimento só um pouco acima de um dólar. Pobres absolutos são considerados os que têm um rendimento inferior a 365 dólares anuais).

Galeria virtual

A Virgem e o Menino (Filsetá) e a Trindade (Selassie) - J. Vieira

PINTURA NARRATIVA ETÍOPE

A Etiópia orgulha-se da sua cultura milenar única. A pintura folclórica é uma das suas expressões mais antigas, atraentes e garridas. Retrata em cores vivas e traços naïf os mitos fundacionais do país, a sua história, o quotidiano e as vidas dos seus santos.
Manuel João Ramos, professor associado do Departamento de Antropologia do ISCTE e um especialista de renome em Estudos Etíopes, organizou uma mostra de pintura narrativa etíope: retratos religiosos, lendas, histórias e cenas de guerra, de caça, de festas e do quotidiano. Juntou-lhe uma retrospectiva da obra do pintor Jembere Hailu. E preparou um guião.
A exposição foi montada em Lisboa, em Maio-Julho de 2000. Está agora disponível numa galeria virtual! Visita-a aqui.

Cidadania

PRIVILÉGIOS POLÍTICOS

«O Projecto de Código Penal prevê que a pena de demissão de funções de políticos e funcionários seja aplicada em alternativa à prisão. Se for aprovada, terá de ser tida em conta nos julgamentos, de Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro e Isaltino Morais», noticiou o Expresso de 25 de Março de 2006.
Primeiro foi a ideia peregrina de julgar os políticos só nos tribunais superiores. Agora querem tratamentos especiais: demissão em vez de cadeia em penas mais pequenas!
A Constituição da República Portuuesa é clara: os cidadãos são todos iguais perante a Lei. Porquê então esta proposta de tratamento especial? O cidadão comum também não tem os mesmos direitos? Há cidadãos mais iguais que outros.
A classe política portuguesa além de rasca é descarada. E proteccionista. Só uma sociedade civil forte é capaz de zelar pelos direitos da cidadania.

26 de março de 2006

13.ª Mini-Maratona

35.000 A DAR À SAPATILHA

A partida no «garrafão» da Portagem

A ponte não caiu mas vibrou!

Na saída para Alcântara

A chegadas com mais de sete quilómetros nas pernas


Alguns aporveitaram para serem solidários na zona de abastecimento


Outros foram originais


Até cachorros participaram

Levei uma hora e vinte mais outro tanto para chegar a casa!

Houve medalhas para todos

25 de março de 2006

Imprensa Regional


NOVOS CAMINHOS E DESAFIOS

A Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) celebrou o seu sexto congresso no Turcifal, Torres Vedras, de 23 a 25 de Março.
Setenta e cinco congressistas, representando alguns dos 260 títulos associados, reflectiram sobre os novos caminhos que se abrem para o sector.
A nova Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e o novo Estatuto do Jornalista são dois dos desafios mais prementes que os média regionais enfrentam.
Na boa tradição jacobina – durante a Revolução Francesa o condenado ou a família pagavam ao carrasco para fazer o trabalho depressa e bem –, o governo do Eng. Sócrates quer obrigar as empresas de comunicação social a financiar a ERC. Este organismo substitui a Alta Autoridade para a Comunicação Social.
A boa notícia é que a imprensa regional está a ganhar consistente e paulatinamente novos públicos. Os média de expressão nacional, por seu lado, estão a perder audiências. Cai assim por terra o mito urbano que teima em qualificar a imprensa regional de má qualidade e sem interesse, subsistindo à custa de subsídios. O Dr. Barradas Duarte terá de rever as suas fontes!
Os congressistas abordaram temas diversificados como serviço público, jornalismo de valores e de proximidade, publicidade, «marketing», Internet, formação e parcerias, ajudados por especialistas no sector.

23 de março de 2006

Juventude


GERAÇÃO KLINEX


A juventude francesa está na rua em peso contra o «Contrato do Primeiro Emprego» (CPE). Centenas de milhares de estudantes concentraram-se em Paris e noutras cidades. Mais de metade das 84 universidades públicas e muitos liceus encerraram. Os sindicatos aderiram ao protesto e convocaram uma greve geral.
O CPE é uma iniciativa legislativa do primeiro-ministro Dominique de Villepin. Para aumentar a oferta do primeiro emprego, autoriza a despedimento sem justa causa nem aviso prévio de trabalhadores com menos de 26 anos durante os primeiros 24 meses de actividade. Os jovens insurgiram-se contra a consequente precariedade laboral em manifestações marcadas por actos de violência e vandalismo, geralmente atribuídos a extremistas e provocadores, que os manifestantes se esforçaram por isolar. Há que dizer que cerca de 23 por cento dos franceses com menos de 26 anos estão desempregados.
Os jovens franceses retratam, em pequena escala, a juventude mundial. Se não vejamos: cerca de metade da população mundial tem menos de 24 anos. Os jovens – o segmento dos 15 aos 24 – são quase 1,2 milhões, representando um quinto da população. Cerca de 980 milhões são africanos ou asiáticos. Duzentos e nove milhões conhecem condições de pobreza extrema: «sobrevivem» com uns 80 cêntimos por dia. Outros 516 milhões – quase metade da população juvenil – dispõem de pouco mais de euro e meio. Não admira, portanto, que 160 milhões de jovens sofram de malnutrição. Por outro lado, 130 milhões são analfabetos, 88 milhões estão desempregados e uns dez milhões estão infectados pelo vírus da sida. Os números são do «Relatório sobre a Juventude Mundial 2005», publicado pelo Conselho Económico e Social da Assembleia Geral da ONU.
Um pouco por todo o mundo, os jovens não vislumbram saídas. As regiões mais sacrificadas são as zonas rurais dos países em desenvolvimento, autênticos viveiros de pobres e empobrecidos, e os bairros-de-lata em redor das grandes cidades, para onde milhões se dirigem à procura de uma vida melhor. Um «eldorado» que, na esmagadora maioria dos casos, não passa de uma miragem. Os jovens dos países pobres encontram-se à margem do processo de globalização. O acesso às novas tecnologias é cada vez mais difícil. A escola não prepara os alunos para o mercado de trabalho globalizado. Por outro lado, a mecanização rouba cada vez mais postos de trabalho.
O desespero e a falta de saídas viáveis atiram muitos jovens para comportamentos alienantes e de alto risco: consumo de droga, delinquência, promiscuidade. Os resultados são catastróficos: a sida continua a expandir-se, silenciosa; a marginalidade juvenil, um subproduto da pobreza, desencadeia uma espiral de violência um pouco por todo o lado.
A juventude mundial é tratada como material descartável, que se usa e se deita fora quando não faz falta. A sua vida está suspensa, ameaçada pelo desemprego ou pelo emprego precário e pela exploração – 60 por cento dos trabalhadores sexuais são jovens –, analfabetismo e exclusão.
Há que encontrar estratégias de crescimento sustentado, desenvolver infra-estruturas, modernizar o ensino e criar políticas agrárias que proporcionem alguma perspectiva de futuro. Mas as grandes mudanças têm de ocorrer durante a infância, mediante uma generalizada melhoria das condições de vida, de que faz parte integrante o acesso à saúde, à escola e à (in)formação. O ensino tem de responder aos desafios da globalização e franquear aos estudantes as portas das novas tecnologias da informação e da comunicação.
Texto publicado na revista Além-Mar

22 de março de 2006

Tevê

O ESTADO DA ARTE

Paulo Portas (PP) iniciou, há 15 dias, um novo programa de análise política na SIC Notícias. «O Estado da Arte» vai para o ar às 11 da noite de terça-feira, de duas em duas semanas. É moderado pela jornalista Clara de Sousa.
Confesso que aguardava com alguma curiosidade o desempenho do PP pós interregno americano. O deputado aparece com uma nova postura, mais tranquilo, de pensador, numa displicência estudada. Não gostei – e não gosto – do seu sorriso «brilho dental» nem do olhar vago e vagueante. Prefiro olhos nos olhos.
Quanto aos conteúdos não há novidades: o discurso continua a ser o da direita pura e dura. Ontem falou da questão da imigração, da justiça, da segurança, do terrorismo, dos três anos da invasão americana do Iraque, do PSD e do CDS.
Confesso que não me entusiasmou o seu marialvismo político e irritou-me a postura elitista sobre o sufrágio universal. Está contra as directas para as lideranças partidárias porque «as multidões geram ditadores». Enfim! Um PP muito distante da versão feirante que procurava votos como pão para a boca.
E exigiu uma Declaração Universal dos Deveres do Homem para completar a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Original, sem dúvida!
O programa termina com uma nota cultural: a apresentação de um livro.
Gostei da postura da jornalista. Uma moderadora bela, activa e atenta. Muito diferente do que a concorrência apresenta em programas do mesmo formato.

21 de março de 2006

Abrir aspas 1


CONFIO


Senhor,
confio os meus esforços e as minhas fraquezas
à tua mansidão.
Olha para mim: sou um pobre.
Nos teus braços me refugio
como uma criança,
como um passarinho caído do ninho.
Assegura-me, Senhor, que ainda me amas
e tudo em mim reflorirá.

A Deus eu não O conheço,
mas por Ele sou conhecido
e nisto está a minha esperança.

em «Cantarei depois da Morte»,
edição da APARF (2006)

Abrir aspas

Crianças de Pawe (Etiópia) - J. Vieira

ONDE ESTÁ A FELICIDADE?

Este é o título de um livro de Camilo Castelo Branco, homem de excessos que o atormentaram e acabaram por destruir. Mais tarde, Fernando Pessoa escreverá o belo poema «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio», na sua pele de Ricardo Reis, e que acaba por ser também uma forma de configurar o perfil de uma felicidade.
Poderíamos continuar a enumerar escritores e filósofos que fizeram da felicidade a meta das suas pesquisas e ficções. Mitos, crenças e teorias apontam a busca da felicidade como um objectivo natural da pessoa humana. Quem não deseja atingir o paraíso, aqui e agora, ou no fim da viagem para os crentes?
No nosso dia-a-dia, são inúmeros os sinais de que aquilo que perseguimos na vida, não é mais do que descobrirmos a maneira de sermos felizes.
Uns, talvez mais as mulheres que os homens, se acreditarmos nos casos publicitados, arriscam dolorosas operações de cosmética, gastam fortunas para encher os lábios, aumentar os seios, melhorar o nariz, adelgaçar as ancas, implantar cabelos. Outros contratam conselheiros de imagem e compram reportagens para não perderem a crista da onda. Outros ainda frequentam casinos ou apostam no euromilhões convencidos de que a felicidade está no dinheiro. Há ainda quem deixe de comer ou siga dietas rigorosas para ganhar beleza e elegância. Noutras regiões, no entanto, a gordura é a condição sine qua none para se conseguir um bom casamento. Compram-se também toilettes caríssimas para disfarçar misérias ou valorizar dotes naturais. Aposta-se em tintas, pomadas, chás, bruxos, horóscopos e leitores de astros e das mãos que enriquecem à custa da tolice geral.
E assim vai o mundo, de ilusão em ilusão, perseguindo fantasmas inúteis e castradores, transformando a vida num inferno – precisamente o oposto da felicidade que perseguem.
Esquecem-se as pessoas do mais simples: viver. Na sua ânsia de forçarem a felicidade, rejeitam o óbvio: saborear as coisas simples da vida e, por isso mesmo, as únicas que nos dão felicidade. Esquecem-se de dar as mãos e gozar a beleza de nos encontrarmos, de respirarmos, de acordarmos debaixo do sol ou da chuva, de descobrir quem somos, quem és.
Quem já teve a felicidade de viver em África, privado de jornais e de televisão, longe do telemóvel e da barafunda das grandes cidades, quase sem dar conta, começou a perceber que, afinal, aquilo que nos agita e nos faz correr nas sociedades ditas civilizadas não passa de fogos fátuos que não fazem a mínima diferença e apenas servem como amarras inibidoras da liberdade. A vida simples ensina-nos a amar o prazer de sermos autênticos e livres, aliás, as colunas que sustentam a felicidade.
A felicidade está em aprendermos a aceitar, em sabermos disciplinar e abafar as paixões fomentadoras da instabilidade e dos desequilíbrios, geradores, por consequência, da dor. Como dizia Pessoa, «a vida passa e não fica, nada deixa e nunca regressa».
Leonel Marcelino

20 de março de 2006

Leituras


MORTE SUSPENSA

O último romance de José Saramago chama-se – e trata – «As Intermitências da Morte» (Editora Caminho 2005).
Pensar na morte «é obrigatório fazerem-no todos os seres humanos» (pág. 160). Talvez porque o autor tem 83 anos. Talvez porque nascemos para morrer. Talvez porque morremos para viver.
O romance começa com uma frase seca, curta, espantosa: «No dia seguinte ninguém morreu» (pág. 13).
O pano de fundo é enigmático: a morte deixou de matar durante sete meses num país monárquico com dez milhões de habitantes e sem orla marítima. As instituições que lidam com a morte – ICAR (igreja católica apostólica romana), seguradoras, funerárias, lares de idosos, sistema de saúde e «máphia» – são obrigadas a encontrar novas respostas para o desafio da suspensão da morte.
O Nobel da literatura trata o tema da morte, da vida e do amor com profundidade irónica e mordaz. A parca é «uma metamorfose», (pág. 78), «sempre foi uma pessoa do sexo feminino» (pág. 134).
A afirmação mais forte pô-la Saramago logo no início do romance na boca do cardeal num telefonema ao primeiro-ministro: «Sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja» (pág. 20).
É de registar tamanha lucidez teológica da parte de alguém confessada e supostamente ateu, enquanto muitos cristãos entretêm namoro com doutrinas mais exóticas como a reencarnação.
«As Intermitências da Morte» foi o livro de Saramago que mais depressa li. Pelo tema, pelo enredo, pela reflexão.

18 de março de 2006

Azul

Cabo da Roca - J. Vieira
Sou o azul
do mar
do céu
do sonho

17 de março de 2006

Darfur – Sudão



MILHÃO DE VOZES

Brian Steidle, ex-oficial dos marines norte-americanos, lançou a campanha Save Darfur – Salve Darfur para pressionar o presidente Bush a apoiar uma força multinacional mais forte que proteja os civis da província ocidental do Sudão.
A população negra do Darfur é massacrada, desde 2003, pelos janjawid, milícias árabes apoiadas pelo Governo de Cartum. Duzentos mil civis morreram e dois milhões foram forçados a abandonar as terras. Mais de 200 mil refugiaram-se no Chade e 350 mil podem ser vítimas da fome ou doença se nada for feito.
A história do Darfur está marcada pela tensão constante entre os agricultores negros islamizados e os pastores árabes pelo controlo da terra e da água.
Em Fevereiro de 2003, dois movimentos do Darfur pegaram em armas para defender os direitos da população negra. O Governo respondeu com ataques aéreos e através dos Janjawid.
A comunidade internacional tem-se mostrado impotente para parar o massacre. Não foi além de gestos diplomáticos pouco efectivos. Os Estados Unidos e a União Europeia financiaram o envio de cerca de 7000 tropas da União Africana (UA). A força multinacional é incapaz de implementar o cessar-fogo assinado há dois anos no Chade entre Governo e rebeldes.
No início de Março, a UA passou a chefia da força de manutenção de paz para as Nações Unidas. Cartum, contudo, não admite a presença de forças não africanas no Darfur.
Sê uma do milhão de vozes pelo Darfur. Envia um postal ao presidente George W. Bush a pedir que use a sua influência para apoiar uma força multinacional mais forte que proteja os civis do Darfur. Clica aqui.

O postal diz: «Querido Presidente Bush, durante o seu primeiro ano na Casa Branca, escreveu na margem de um relatório sobre o genocídio ruandês "Nunca sob os meus olhos". Peço-lhe que assuma essas palavras para usar o poder do seu cargo para apoiar uma força multimacional mais forte para proteger os cicis do Darfur».
O formulário está em inglês. No campo «First Name» escreve o teu nome; em «Last Name», o teu apelido, em «Email» o teu endereço electrónico e em «Zip/Postal Code» escreve Portugal. Depois clica em «Send Postcard».
Obrigado.

16 de março de 2006

Memórias


ESPAÇO PIRATA

As «chiclas» Pirata eram duras, mas eram boas. Custavam dez tostões e até davam cromos. Foram um dos sabores da minha infância! Apesar de nuncas ter aprendido a fazer bolinhas!!!
O «Espaço Pirata» faz-nos percorrer as alamedas da memória e revisitar as paisagens sonoras dos anos 70 e 80, os tempos lindos da minha adolescência e juventude. Publicidade televisiva e da rádio, séries de animação, programas infantis e juvenis, séries de ficção, música…
Tudo à distância de um clique em «Espaço Pirata – Momento Mágico». Porque, afinal, recordar é viver.

(ex)citações

Menina etíope de Sollamo - J. Vieira

PARA SER FELIZ

«Todos nós, de uma forma ou de outra, pensamos na felicidade. A ela associamos sentimentos e sensações como o prazer, a alegria, a satisfação, a plenitude e o gozo, mas o conceito de felicidade acaba por transcendê-los a todos. Implica a posse de muitas coisas, e sobretudo a ideia de que é preciso fazer um caminho, com “trabalho, cultura e inteligência”, como diz o filósofo espanhol Enrique Rojas. […] A felicidade é um bem supremo para o qual todos tendemos. É um projecto de vida, uma vocação, uma meta a alcançar, em última instância é a nossa realização pessoal. O prazer, esse, é um filho menor, mas não deixa de ser uma componente essencial no processo, na medida em que ser feliz, ainda que pontualmente, implica naturalmente poder sentir a emoção do prazer ou “a capacidade de desfrutar” a vida.»
ana.castro@xis.publico.pt
In Xis, de 25 de Fevereiro de 2006

15 de março de 2006

Ponte para o entardecer

Lisboa, Ponte 25 de Abril - J. Vieira

Lisboa amanhece, tranquila

Bairro do Príncipe Real - J. Vieira

Sudão


AL BASHIR CONDECORA MISSIONÁRIO

O presidente da República do Sudão, Omar Ahmed al Bashir, conferiu, a 13 de Dezembro de 2005, a medalha da Ordem das Ciências e das Artes ao padre Giuseppe Puttinato pelos méritos conseguidos no campo da educação.
O padre Puttinato, de 73 anos, ensina no Comboni College de Cartum desde 1959. É italiano e pertence ao Instituto dos Missionários Combonianos. Em 2003, foi o responsável pela abertura da nova ala do Computer Science and Technology da escola.
O padre Puttinato não é estreante em matéria de condecorações. Em Janeiro de 2004, foi nomeado cavaleiro pelo presidente da República italiana, Azeglio Ciampi. A condecoração foi recebida a 2 de Junho do mesmo ano, durante uma recepção na embaixada de Itália em Cartum.
O Comboni College foi fundado em 1929 e é a escola católica com mais prestígio no país. É dedicado à memória de Daniel Comboni, o primeiro bispo do Sudão e fundador dos institutos combonianos.

14 de março de 2006

Pessoas com deficiência




OS MEUS HERÓIS


Alison Lepper é uma artista com deficiência. Foi esculpida em mármore por Marc Quinn e está exposta temporariamente na praça de Trafalgar, em Londres.
A sua figura luminosa e feminina contrasta com o tom masculino e cinzento que domina a praça e o tempo londrino. Sentada, sem braços, cabeça levantada, ventre saliente, a escultura é um poema à beleza e à vida.
Trafalgar Square é sala de visitas de Londres. Lord Nelson – almirante rijo e maneta que derrotou Napoleão na batalha naval que deu o nome àquele rossio – domina a praça do topo da sua alta coluna. Aos seus pés espraiam-se edifícios e estátuas de outros homens, de cavalos e leões. E um pedestal, o quarto plinto, ocupado por obras escolhidas pela Forth Plinth Sculpture Commission, a Comissão da Escultura do Quarto Plinto. Os Ingleses têm cada coisa! Adiante.
Por decisão da dita comissão, na Primavera de 2005 – e depois de três anos a servir de poleiro para as pombas – o plinto recebeu uma nova inquilina: a senhora Lepper, nua e grávida de oito meses e meio em mármore branco.
A escolha foi controversa e muita gente não concordou com a decisão da dita comissão. Que aquilo não é arte moderna... Que o plinto devia continuar vazio...
Talvez os incomode a deformidade física que choca com a cultura dos «corpinhos danone» que dita hoje as leis e a moda.
As pessoas com deficiência são gente como todos nós. Talvez até com mais coragem. Porque, para viverem, têm de travar uma imensidão de batalhas contra a marginalização, contra obstáculos de toda a ordem, contra os preconceitos. Combates bem mais difíceis e vitórias muito mais importantes do que as que Lord Nelson travou para partir o «coco» aos Franceses. Elas – essas Pessoas – são os meus heróis.
Por isso, adorei contemplar a pose branca, radiosa, serena e digna de Alison Lepper cheia de vida numa manhã gelada de Janeiro.
Publicado em «Audácia»

10 de março de 2006

Escala musical

O NOME DAS NOTAS

Todos sabemos que a escala musical vai de Dó a Si. Talvez não saibamos é a sua origem. Helder Guégués explica-nos.

Todos os cruzadistas sabem, com a frequência com que surge nos problemas que resolvem, qual o «antigo nome da letra dó». Até eu, que não sou cruzadista, sei a resposta de cor: ut. Esta era a primeira palavra do hino a S. João Baptista, a partir do qual o monge beneditino Guido d’Arezzo (990-1050) construiu a escala musical. Guido d’Arezzo verificou que na primeira estrofe, com sete versos, cada uma das sílabas iniciais subia um grau na escala em relação à primeira sílaba do verso anterior. Assim, reflectiu que toda a gente que soubesse esse cântico saberia logo de que nota se tratava. A nota si apenas foi acrescentada no princípio do século XVII, a partir das iniciais de Sanctae Ioannes, que está aqui no vocativo.
Eis a primeira estrofe desse hino:
Ut queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solve polluti
Labii reatum
Sancte Ioannes.
Uma tradução livre — o padre António Carmo, meu saudoso professor de Latim e tão excelente como desconhecido poeta, não iria achar completamente mal empregadas as horas que despendeu comigo a ensinar-me a traduzir as fábulas de Esopo, o De Bello Gallico, as Metamorfoses… — poderia ser a seguinte: «Para que os teus servos possam, a plena voz, celebrar tuas acções maravilhosas, purifica nossos lábios conspurcados, ó São João.»

Da Etiópia para Israel


VAI, VIVE E FAZ-TE

Mais de 35 mil etíopes foram levados para Israel entre 1981 e 1991 em operações sucessivas. São falachas, judeus negros da serra de Simien, no Norte da Etiópia. Chamam-se a eles próprios «Beta Esrael», a Casa de Israel.
«Vai e Vive» - «Va, Vis et Deviens» na versão original – apresenta no grande ecrã o drama épico vivido pelos falachas desde o início da viagem até à (des)integração em Israel. Fá-lo através da odisseia do pequeno Schlomo. Os horrores da viagem, as dificuldades de adaptação, o medo, a desconfiança, o racismo, os conflitos de identidade – muitos dos evacudos, como Schlomo, eram, de facto, cristãos que se fizeram passar por falachas para escapar à fome – o conflito israelo-árabe, o amor, a saudade num arco de 20 anos.
Um filme denso, cheio de beleza, mas também de dor e violência, que retrata o ambiente cénico e multicultural da Etiópia, a sonoridade do amárico, as suas danças e maneirismos, a beleza impar das suas gentes.
O filme é realizado por Radu Mihaileanu, «um judeu que fala romeno com sotaque francês e francês com sotaque romeno.»
O desempenho de Yael Abecassis, uma safardita francesa e mãe adoptiva de Schlomo, é simplesmente deslumbrante.
O filme está em exibição no King Triplex.

Caça à multa

A BT também funciona assim!

7 de março de 2006

Liberdade de expressão

DIREITO À BLASFÉMIA

Vasco Pulido Valente (VPV), na sequência da polémica sobre os cartoons de Maomé, defendeu na sua coluna no Público o direito à blasfémia como consequência decorrente da liberdade de expressão.
Dom José Policarpo, Cardeal-Patriarca de Lisboa, na sua homilia de Quarta-Feira de Cinzas, por seu turno, exigiu respeito pelas convicções religiosas alheias.
Blasfémia das blasfémias, rabiscou VPV na crónica seguinte. E acusou o purpurado de não praticar a tolerância que prega.
Em que é que ficamos? O direito à blasfémia - no fundo, o direito ao contraditório - só se pode fazer num sentido? Eu tenho o direito de gozar com as convicções do outro, mas o outro não pode beliscar as minhas certezas.
Haja coerência de pensamento e decência democrática.

5 de março de 2006

Frida Kahlo no CCB

A COR DA DOR

A exposição «Frida Kahlo - Vida e Obra» está patente no Centro Cultural de Belém até 21 de Maio. Merece uma visita mesmo se a espera for longa - como hoje.

Frida Kahlo (1907-1954) é uma das pintoras mais importantes do México contemporâneo - e talvez a mais genial.
Usou a pintura como catarse para os desastres que marcaram a sua vida: poliomielite, um acidente de viação grave, um aborto, a traição do marido.
As obras de Kahlo são transparências dos seus estados de alma, a cor da sua dor, pintada com tristeza, sangue e lágrimas. Sobretudo os auto-retratos, de entre os quais destaco - pela delicadeza e crueza - «A Coluna Partida», de 1944.
«Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade», escreveu nos seus diários.
«Conheci-a» durante a minha estada na Cidade do México, entre 2000 e 2001. O
Museu Dolores Olmedo Patino – que guarda o acervo mais importante sua da obra – fica a dois passos da casa onde vivia.

3 de março de 2006

«Cartoons» de Maomé

CARICATURAS DA IRA

O futuro de paz passa pelo diálogo inter-religioso concertado, deixando de lado provocações, confrontos e revanchismos.

Uma onda de indignação varreu o mundo muçulmano, alegadamente como protesto contra a publicação de uma dúzia de
caricaturas de Maomé, primeiro no jornal dinamarquês Jyllands-Posten, e, mais tarde, na França, Alemanha, Espanha e Egipto. Para trás ficou um rasto de violência, cólera, boicotes, edifícios destruídos, alguns mortos – entre os quais dois padres na Turquia e na Nigéria – e um debate de surdos sobre a liberdade de expressão, o respeito pelas convicções religiosas e a guerra de religiões. O fenómeno merece alguma reflexão.
As caricaturas foram publicadas a 30 de Setembro e geraram alguns protestos por parte da comunidade islâmica na Dinamarca (200 mil pessoas), que exigiu – mas não logrou – ser recebida pelo Governo. Entretanto, em finais de Janeiro a «Umma», a comunidade islâmica, levanta-se, em protestos excessivos e sucessivos, na Ásia e na África, e em manifestações mais pacíficas na Europa.
É claro que se tratou de uma reacção orquestrada e não de um levantamento espontâneo de quem se sente ultrajado nas suas convicções religiosas. Mais: os protestos mais veementes e violentos vieram dos três países a contas com a comunidade internacional: a Síria, o Líbano e o Irão. Para além do mais, os islamitas radicais paquistaneses transformaram as manifestações de repulsa num repto à autoridade do general Pervez Musharraf, grande aliado dos Estados Unidos na luta contra o terrorismo.
No Ocidente, várias publicações responderam ao levantamento muçulmano com a republicação dos cartoons, para sublinharem o valor inegociável da liberdade de expressão. Houve até um ministro italiano – que entretanto se demitiu – que queria estampar t-shirts com «os desenhos da ira» (tanto o ministro como o jornal dinamarquês são de direita e dados a provocações).
A liberdade de expressão é, de facto, um valor fundacional da nossa civilização. Mas é um valor que só funciona em relação com outros, como seja o do respeito pela liberdade do outro. O Papa Bento XVI sublinhou – e bem – que «é necessário e urgente que as religiões e os seus símbolos sejam respeitados e que os crentes não sejam alvo de provocações que firam os seus sentimentos religiosos».
Por outro lado, há analistas que vêem na reacção orquestrada da «Umma» mais um episódio da guerra (silenciosa) das religiões – ou das civilizações –, supostamente já em curso.
O Islão, na sua forma mais genuína, é uma religião pacífica. Aliás, o termo tem raiz na palavra «assalam», que quer dizer precisamente paz. Esta é a minha experiência de oito anos na Etiópia, um país em que cristãos e muçulmanos vivem lado a lado, num ecumenismo de boa vizinhança.
Porém, recentemente a situação começou a mudar, com a chegada ao país de missionários islâmicos preparados nas madrassas da Arábia Saudita. Trouxeram consigo um Islão conflituoso e agressivo, imposto como contrapartida pelas ajudas sauditas e financiado pelos petrodólares. A Casa de Saud diz-se guardiã do Islão. O que defende é o seu poder e influência através do Wabbismo, uma versão distorcida e fundamentalista da religião. Como a Arábia Saudita repousa sobre os lençóis de petróleo que alimentam o nosso bem-estar, os governos ocidentais assobiam para o lado e confrontam o dito terrorismo islamista em países pobres e indefesos.
O mundo contemporâneo está cada vez mais plural. No mesmo espaço geográfico convivem culturas, tradições, religiões diferentes. O futuro de paz passa pelo diálogo inter-religioso concertado, deixando de lado provocações, confrontos e revanchismos. E assumindo os erros históricos que cada grupo cometeu, sarados através do perdão mútuo. Ou será que as democracias ocidentais não podem viver sem um «inimigo de estimação»?